quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Excesso de mim

Dia fresco e claro. Manhã cristalina. O vento que sacode o dourado dos ipês traz o resto de frio do inverno enquanto leva minha mente por lugares e tempos distantes. Faz-me pensar no que fora deixado no caminho e no que é preciso deixar de carregar além do peso das roupas.
Tenho pensado em fusões e separações. Em entendimentos e reparações. A vida tem se apresentado em detalhes tantos que me perco, por vezes, na profusão de pensamentos e sentimentos que se avolumam.
Há muito a entender de mim. Há sensos e desejos, avanços e retrocessos. Há a crueza das percepções de coisas toscas, imateriais, esquecidas ou nunca vistas antes. O entendimento tem se feito em passos pequenos e titubeantes.
Qual o tempo das resoluções? O tempo todo, entre o vivido e o por vir. Qual o prazo para se encontrar? Nunca ontem, hoje tampouco: há prestações a serem acertadas pela vida. Minha alma mergulha em pensamentos ora acelerados, ora enigmáticos. Os sonhos acrescentam temperos singulares à realidade: passado e presente, medos e desejos, detalhes tantos, em preto e branco. Acordo e permaneço sonhando. Durmo raciocinando. A cabeça oprime.  O sentimento extravasa. O excesso de consciência cansa. Qual a morada do remanso?

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