sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Sobre as crianças e suas "artes"

Crianças e suas artes.
Antes de ontem, no meio da tarde, fui surpreendida por um telefonema da orientadora da escola do meu filho mais velho:
- Ana, o João fez uma arte.
- O quê? O que aconteceu? - pensando em dentes quebrados e fraturas expostas.
- Bem, ele e o Bruno (seu grande amigo) resolveram colocar um grão de milho no ouvido, no caso, no ouvido do Bruno.
- Não acredito!
- Sim, a mãe do Bruno já veio pegá-lo para levá-lo ao médico e o João está aqui, aos prantos, porque acha que vai ser expulso da escola.
- Ai, ai, ai!
- Já acalmei-o, mas agora ele está preocupado com o Bruno.
- Bem... Vou buscá-lo!

No carro:
- João Pedro, por que vocês fizeram isso?
- ...
- Conte-me, meu filho!
- Um dia, o Lui não estava um pouco resfriado e, por causa disso, teve dor de ouvido?
- Sim.
- E quando você coloca aquele remédio no meu nariz, eu não sinto o gosto dele na boca?
- Sim.
- E quando o Lui teve aquela sinusite, que virou conjuntivite e saiu um pouco de melequinha pelo olho dele?
- Sim, o que tem tudo isso?
- Então não está tudo meio junto, nariz, boca e ouvido?
- De certa forma.
- Então, fizemos uma experiência científica! Colocamos um grão de milho no ouvido do Bruno para ver se caía na boca!
- Então foi isso?
- Sim... mas só descobrimos que deu errado, depois que o milho já estava lá...
- Ai...

Seguiu-se a esse diálogo uma aula de ciências e outra sobre os perigos de se colocar coisas no nariz e no ouvido. Perguntas feitas, explicações detalhadas, telefonemas para a mãe do Bruno, tudo certo, tudo entendido.

No outro dia, na chegada da escola, ambos se encontraram no portão de entrada.
Bruno grita:
- João... tiraram a espiga do meu ouvido!
João Pedro responde:
- Era só um grão, Bruno. Você acha que caberia uma espiga?
Risos.

Ainda bem que não cabe.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Enquanto

 Há dias bons, outros não tanto. Momentos em que somos fortes; em outros, ataranto.
 Há as horas da paciência, da quietude da alma, dos risos e do descanso. Outras, de entretanto.
 Há horas de pranto, outras de encanto.
 Há a vida que caminha inesperada e nos ensina a esperar.
 Há o tempo que precisa passar.
 Há mais um tanto para viver. 
 Há sempre um enquanto.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sobre o tempo

Não é preciso se assustar com a distância, os afastamentos que acontecem. Tudo volta, voltam as pessoas! E voltam mais bonitas, mais maduras, voltam quando tem de voltar, voltam quando é para ser. Acontece que entre o ainda-não-é-hora e nossa-hora-chegou, muita gente se perde.


Mas, já não temos mais idade para, drasticamente, usarmos palavras grandiloquentes como “sempre” ou “nunca”. Ninguém sabe como, aos poucos, fomos aprendendo sobre a continuidade da vida. Já não cometemos gestos tresloucados. Contidamente, continuamos.

E substituímos expressões fatais como “não resistirei” por outras mais mansas, como “sei que vai passar”.

É o nosso jeito de continuar, o mais eficiente, o que não implica em decisões, apenas em paciência. (adaptado de Caio F. Abreu)