terça-feira, 30 de agosto de 2011

Os outros

Encontrei-a muito tempo depois, nas redes sociais que frequentamos ultimamente. Adicionei-a, quis conversar com ela. Eu, preocupada e assustada com uma nova situação em minha vida. Ela, agradecida e orgulhosa por ter vivido situação semelhante.

Fiquei pensando na maravilha de manter o contato com quem está distante, mas, sobretudo, nas diferentes formas de viver e encarar a vida e o quanto aprendemos com essas diferenças. Não sou uma pessoa deprimida, não me entrego, não fico paralisada. Mas estou longe de ser a mais otimista das criaturas. Sou, como costumo dizer, realista e olho sempre os dois lados das situações. Sou ansiosa e, algumas vezes, essa ansiedade me domina. Vivo as situações por inteiro e sofro, muitas vezes, com elas. Sozinha, à noite, no escuro. Não choro em público.

Descobri, também, que o passar do tempo tem me feito medrosa. Avistar um vale ao lado da montanha não me remete à beleza da paisagem, mas ao perigo ela representa. Andar de teleférico me dá calafrios. No avião, respiro fundo para não sentir uma pontada de pânico, para não deixar o medo me dominar.

Fiquei pensando nesse medo. Fiquei pensando nos desafios. Fiquei pensando na vida. Não cheguei à nenhuma conclusão, fora o fato de que algumas virtudes necessitam de exercício. Identifico, muitas vezes nos outros, o que preciso e suo para chegar perto do que considero ideal (ai, os perfeccionistas...). Os outros são meus espelhos, de defeitos e qualidades, e sou uma exímia observadora de falas, modos e gestos. Muitas vezes, na dúvida, procuro em outros rostos um modo de agir.

Muito obrigada a todos os que, anonimamente, me fazem olhar para mim mesma de outro modo. E também, anonimamente à minha amiga, por me fazer perceber que é preciso olhar a vida com outras lentes. Tentarei, nesta semana, no escuro do quarto, apenas dormir...

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Rio de Janeiro

Depois de ter morado por algum tempo, já fazia quase 10 anos que eu não voltava ao Rio. Voltamos, eu, marido e filhos, os primeiros para rever e outros dois para conhecer.

Os pequenos adoraram. Fizemos todos os passeios caros e turísticos que merecem aqueles que chegam à cidade pela primeira vez.

Para os maiores, muitas sensações. O belo lugar que nos convida a apreciar a natureza também contrasta com particularidades desagradáveis que encontradas não apenas, mas principalmente lá: mulheres que se vestem como prostitutas, malandros que cobram absurdos dos carros estacionados na rua, trânsito infernal, músicas de gosto duvido, pessoas que falam alto, muito alto!

Isto me remeteu aos tempos em que vivi no Rio: recheado de lembranças e de pessoas queridas e também repleto de situações a serem eternizadas no esquecimento. Estranhezas da vida, os dois lados da mesma moeda.

Fiquei pensando se voltaria a morar na cidade maravilhosa. Apenas em uma situação muito especial: se eu vivesse perto da praia, a apenas 2 minutos a pé do meu trabalho.

É pedir muito? Não sei. Mas não vou pedir. Primeiro, porque não é meu desejo. Segundo, porque grandes programações resultam em frustrações, se não se concretizam. Aprendi que a vida trilha seu próprio caminho, embora tenhamos que ficar atentos às  placas no curso da estrada. 

Para chegar ao Rio a estrada é longa, sinuosa, cheia de pedágios, curvas, subidas e descidas. Engarrafada. Por enquanto, sigo por outros rumos, vou em outras direções, aprecio novas paisagens.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Corpo Perfeito

Sempre fui cismada com cuidados com o corpo. Nada excessivo. Saio da linha vez ou outra sem culpas e arrependimentos. Mas mantenho uma rotina que me permite isso, sem pagar por alguns excessos: exercícios físicos, boa alimentação, boas noites de sono, alguns cremes para cá, outros para lá...

Cismada como sou,  às vezes me vejo comprando revistas femininas que oferecem dicas de saúde e beleza. Nesta semana, resolvi folhear algumas das que ainda tenho em casa  e anotar algumas ideias que aparecem em suas páginas. Eis algumas delas:

- Massagem em casa acaba com a celulite (milagres acontecem).

- Atriz revela segredos de corpo perfeito: 2 horas de musculação por dia, mais uma hora de caminhada diária, três aulas de pilates por semana e yoga todas as manhãs (essa pessoa trabalha?).

- Nossa leitora revela seu programa de alimentação para ter um corpaço: nem um grão de sal e açúcar na sua dieta (isso é vida?).

- Superalimentos que prolongam a vida, previnem o câncer e mantém a juventude:  goji berries, erva de trigo, spirulina, clorela e cacau cru (hã?).

- Tenha um corpo de sereia comendo macarrão integral sem sal e molho, com gotas de limão (um 38, por favor).

- Para não ter barriga, coma feijão e mexirica (junto ou separado?).

- Demi Moore revela sua dieta para desintoxicar: quatro dias a base de limão e água (e uma caixa de Lexotan).

- Coma pimenta para ativar o seu metabolismo (e a sua gastrite).

- Tome água morna com sal ao acordar e sinta-se renovado (um verdadeiro banho de mar com direito a tombo).



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

De como os professores de literatura pervertem seus alunos

Devo ser um leitor muito ingênuo, porque nunca pensei que os romancistas quisessem dizer mais do que dizem. Quando Franz Kafka conta que Gregor Samsa apareceu certa manhã transformado em um inseto gigantesco, não me parece que isto seja símbolo de algo e a única coisa que sempre me intrigou é a que espécie de animal ele pertencia. Acho que houve, na realidade, um tempo em que os tapetes voavam e que havia gênios prisioneiros dentro das garrafas. Acho que o burro de Balã falou - como diz a Bíblia - e a única coisa que é preciso lamentar é não ter gravada a sua voz, e acho que Josué derrubou as muralhas de Jericó com o poder de suas trombetas, e a única coisa lamentável é que ninguém tem transcrita a música capaz da demolição. Acho, enfim, que Vidriera - de Cervantes - realmente era de vidro, como ele dizia em sua loucura, e acredito mesmo na jubilosa verdade de que Gargantua urinava torrencialmente sobre as catedrais de Paris. (G.G.Márquez)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Calmaria

Acontece... Às vezes, simplesmente, estou sem inspiração. Nada me vem à cabeça e não quero pensar em nada. Nem mesmo em algum assunto para escrever aqui. Fico com uma sensação latente de que, se algo me vier à mente e eu começar a dar corpo a essa ideia... touché! Vou ficar caraminholando, insone, pensando em coisas esdrúxulas, ao invés de curtir minha cama king size e meu travesseiro anti alérgico. É isso! Às vezes é melhor ficar quieta.

Nessa coisa de ficar calma e manter a mente longe dos tumultos cotidianos, me veio a ideia de fazer ioga e aprender a meditar. Justo eu, que não consigo ficar parada e sou capaz de fazer cinco coisas ao mesmo tempo. Eu, que trabalho o dia inteiro e tenho dois filhos para cuidar. Euzinha, que  acordo às 5 da manhã para ir à academia porque não tenho outro horário para manter a forma. Justo eu, que, vez ou outra, bato ponto aos sábados para trabalhar, ou fico além do horário fazendo serão.

Ideia de jerico. Cheguei à conclusão que o melhor seria fazer meditação em casa mesmo, antes de dormir. Acontece que a exaustão é tanta, que a meditação acaba durando umas 8 horas... Achei que poderia, então, fazê-la depois do almoço. Dois problemas a resolver: primeiro, barriga cheia, dá sono. Segundo, se não fico com sono, fico pensando na agenda da tarde. E quanto mais tento afastar os pensamentos que atrapalham a meditação, mais me irrito. Passo longe da calma desejada.

Li em uma revista que as pessoas que meditam pelo menos por 30 minutos por dia têm ganhos cognitivos e físicos comprovados. São mais concentradas, demonstram memória mais aguçada e mantêm até mesmo o ritmo cardíaco sob controle. A reportagem falava também das várias linhas meditativas e dava dicas das técnicas para conseguir fazê-las.

Interessante. Fiquei bastante curiosa. Mas acho que vou dormir. Boa noite!