segunda-feira, 8 de agosto de 2011

De como os professores de literatura pervertem seus alunos

Devo ser um leitor muito ingênuo, porque nunca pensei que os romancistas quisessem dizer mais do que dizem. Quando Franz Kafka conta que Gregor Samsa apareceu certa manhã transformado em um inseto gigantesco, não me parece que isto seja símbolo de algo e a única coisa que sempre me intrigou é a que espécie de animal ele pertencia. Acho que houve, na realidade, um tempo em que os tapetes voavam e que havia gênios prisioneiros dentro das garrafas. Acho que o burro de Balã falou - como diz a Bíblia - e a única coisa que é preciso lamentar é não ter gravada a sua voz, e acho que Josué derrubou as muralhas de Jericó com o poder de suas trombetas, e a única coisa lamentável é que ninguém tem transcrita a música capaz da demolição. Acho, enfim, que Vidriera - de Cervantes - realmente era de vidro, como ele dizia em sua loucura, e acredito mesmo na jubilosa verdade de que Gargantua urinava torrencialmente sobre as catedrais de Paris. (G.G.Márquez)

2 comentários:

Anônimo disse...

Bem de perto ninguem é normal. Os escritores mostram a magia das fantasias e de como elas nos pertencem: porisso lemos romances. É para sonhar sonhos de todas os tipos e ordem. Afinal vivemos de realidade ou de sonhos? Ou vivemos na realidade usando os sonhos? Ou só conseguimos viver as realidades porque temos sonhos?
Nossa que loucura de realidade dos romances.

LAKBittencourt

Analu Bittencourt disse...

Bom imaginar e fantasiar sem precisar de análise sobre isto! Viver só de realidade é enlouquecer...