terça-feira, 7 de setembro de 2010

Procura-se

Procura-se um lugar para viver. Um lugar conhecido, onde se possa encontrar, em alguma esquina, uma ou outra lembrança. Um lugar onde não se sinta sempre estrangeiro. Um lugar novo, porém antigo. Um lugar fresco, porém farto de calor - humano! Um lugar onde não se sinta só. Onde não se seja só. Onde não haja sempre a sensação de pessoas sem memória e lugares sem história. Um lugar onde se possa ser visto. Visto e lembrado.

Procura-se um emprego. Sem dúvida, bem remunerado. Com pessoas com quem se possa aprender e a quem se possa admirar. Onde se possa crescer com dores suportáveis. Onde se possa conviver com situações contornáveis. Onde se possa ser e se arriscar, sem temer. Onde se possa ser criativo. Criativo e feliz.

2 comentários:

Marilena disse...

Sei o que você quis dizer. Muitos outros sentiram (ou sentem) o mesmo: a procura do lugar sonhado, como nestes trechos que escolhi, para consolá-la, de "Cada coisa", de FERNANDO PESSOA (Ricardo Reis).


Cada coisa a seu tempo tem seu tempo.
Não florescem no inverno os arvoredos,
Nem pela primavera
Têm branco frio os campos...

Com mais sossego amemos
A nossa incerta vida.
À lareira, cansados não da obra
Mas porque a hora é a hora dos cansaços,
Não puxemos a voz
Acima de um segredo,
E casuais, interrompidas, sejam
Nossas palavras de reminiscência...

Pouco a pouco o passado recordemos
E as histórias contadas no passado
Agora duas vezes
Histórias, que nos falem
Das flores que na nossa infância ida
Com outra consciência nós colhíamos
E sob uma outra espécie
De olhar lançado ao mundo...

Nesse desassossego que o descanso
Nos traz às vidas quando só pensamos
Naquilo que já fomos,
E há só noite lá fora.

Mamy

Anônimo disse...

Eis o que Hermann Hesse escreveu sobre àrvores:
"As arvores sempre foram para mim os oradores mais convincentes.....São como os seres solitários, mas não como eremitas que por causa de uma fraqueza se isolaram, mas como os grandes homens solitários: como Beethoven e Nietzshe.....
Solitárias, elas não se perdem, senão com toda a força do seu ser procuram a única meta, preencher a sua própria lei desenvolvndo suas formas e se autorrepresentando......Quem sabe como falar-lhes, ouvi-las, esse conhece a verdade. Elas não pregam ensinamentos e receitas, pregam isoladamente a primária lei da vida.......As árvores têm pensamentos extensos, calmos e de fôlego comprido, da mesma forma que sua vida é muito mais longa que a nossa.

Papi