sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Idéia Fixa

Era uma menina cismada. Algo acontecia e aquilo ficava dias lhe rondando os pensamentos. Alguém lhe incomodava e aquela pessoa passava a fazer parte de sua rotina, hora após hora em sua cabeça, imaginando cenas e situações que ainda poderia viver. Sua mãe lhe dizia: deixe de devaneios, menina! Escute uma música, olhe as estrelas... Seus ouvidos ouviam as melodias. Seus olhos se encantavam com a lua. Mas sua cabeça distava de tudo aquilo. Longe, junto de seus pensamentos, de suas fixas idéias cotidianas.
Aconteceu que um dia, ela cismou de cismar com palavras. Uma a uma iam lhe aparecendo e ela passava horas compondo histórias, construindo idéias, inventando rimas. Gostou desta cisma. Esta lhe agradava. Esta lhe permitia olhar para a lua e as estrelas, estar com elas e pensar sobre elas. Permitia-lhe ouvir músicas e prestar atenção em suas rimas, descobrindo-as óbvias ou fascinantes. Passou a escrever o que lhe vinha à mente. Deixou seus pensamentos sobre o papel e passou a partilhá-los com outros, que liam seus textos. Descobriu um vício, uma coceira. Tornou a fantasia palpável, palatável. Não deixou de cismar. Talvez nunca deixasse.

Um comentário:

Anônimo disse...

O milagre da palavra que vem para expressar a alma. Diferente do texto técnico ela carrega todos os sentidos possíveis e até os impossíveis.
A palavra como vc descreveu/escreveu é poesia pura, é intangível é arte.

Papi