terça-feira, 24 de agosto de 2010

Pés no chão

Ela nunca havia tido medo de avião. Mas agora sentia enorme angústia ao voar. Pensar na fragilidade daquela situação, na possibilidade de qualquer pequeno erro levar tudo (e todos) pelos ares - literalmente - a apavorava. Cada minuto de voo se tornara, nos últimos tempos, um exercício de afastar pensamentos desagradáveis e persistentes e de tentar encontrar distrações em meio ao enjoo, às turbulências, aos atrasos.
Metáfora da vida: gostava de andar com os pés no chão. Embora sonhasse com situações além da realidade imediata e não se acomodasse frente ao conquistado, nada era sem planejamento. Havia um exercício de percepção, de mergulho no ser e na vida, buscando entender, sempre e pouco a pouco as pessoas e situações que a envolvia. Sim, definitivamente, seus pés gostavam do solo, da terra, da sensação de saber os caminhos que trilhava e de escolher seus percursos. Voar apenas na imaginação. Andar em terra firme, seus próprios passos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vi um documentário científico que a crosta terrestre é mais fluida do que imaginamos. Se assim é estamos sempre flutuando, desde a concepção no líquido uterino e quando adultos na terra e no ar. Parodiando a música:" voar é preciso, viver não é preciso".
Vamos voar e flutuar. Medo quem não tem?

Papi